Frustração no trabalho: o que é, como evitar e resolver

via Boletim Eletrônico IEC • PREPES | Pós-Graduação Lato Sensu


Em média, 14% dos empregados trabalham frustrados porque não foram recompensados. Esse índice chega a atingir 28% em algumas companhias, segundo dados do Hay Group publicados na Época Negócios, em 2012. Já a pesquisa da Weigel Coaching, publicada em 2012, no site Emprego Certo da UOL, concluiu que 61% dos profissionais estão parcialmente satisfeitos e frustrados ao mesmo tempo. A empresa ouviu cerca de 500 colaboradores de companhias de diferentes portes. Levando em conta que a maioria dos profissionais passa pelo menos um terço de seu dia trabalhando, a situação não é das melhores.

“A frustração pode ser entendida como a incapacidade de alcançar um objetivo, satisfazer um desejo ou realizar uma expectativa”, explica Adriano Cordeiro Leite, psicólogo, mestre e professor da PUC Minas. Ele completa ainda que como nem sempre a realidade corresponde totalmente com o que se espera nota-se que a frustração ocorre em todos os âmbitos da vida e em diferentes níveis. Porém, torna-se um problema quando ocorre com muita frequência e/ou quando a pessoa não consegue enfrentá-la de maneira eficaz.

No mundo do trabalho, a frustração está relacionada a diversos fatores ou a um conjunto deles. Tarefas desenvolvidas, que podem ser monótonas, desinteressantes ou aquém da capacidade / qualificação do profissional; remuneração abaixo do esperado; reconhecimento ligado à participação em tomadas de decisões que afetam o trabalho desenvolvido ou o que está relacionado ao mérito e à valorização; estagnação na carreira; desgaste constante, em que não se descansa entre uma jornada de trabalho e outra. Além disso, “no trabalho, um profissional ainda fica sujeito de se encontrar em uma situação de ‘entrincheiramento’, na qual os investimentos no caminho escolhido foram altos, os retornos insatisfatórios e as mudanças (sair da trincheira) são difíceis e sofridas” o que leva à frustração, conclui Leite.

Além disso, é importante também observar se a frustração está relacionada ao trabalho desenvolvido no momento ou com a profissão, ressalta o professor. O advogado Antônio da Silva*, aluno de pós-graduação na área de Direito do IEC PUC Minas, explica que não está satisfeito com sua atividade atual. Ele atua na área criminal, mas não se identifica com a defesa de pessoas ligadas ao crime, ainda que goste do Direito e pretenda continuar na área. Para continuar na profissão, mas mudar de atividade, o advogado pretende prestar concurso para delegado de polícia. “Acredito que assim poderei fazer minha parte”, explica. 

Para evitar a frustração, a dica do professor Adriano Leite é planejar a carreira. É importante, porém, que este planejamento leve em consideração o mercado e o autoconhecimento. O profissional deve também estar atento ao que acontece no cenário do trabalho, buscar o aprendizado permanente – com o dia a dia de trabalho e a vida acadêmica – e se manter apto a realizar atividades que o interessem.

Mas se a frustração chegou é hora de rever as expectativas e compreender o que levou a isso. Uma alternativa é buscar empresas de recolocação no mercado e planejamento de carreira, que podem orientar para uma mudança. Outra sugestão do professor Adriano é buscar autoconhecimento para compreender se as cobranças que levam a frustração são externas ou internas e para verificar se não está havendo uma desvalorização das conquistas e da situação de trabalho.

Dicas para evitar/ resolver a frustração no trabalho-Planeje sua carreira;
- Busque aprender sempre;
- Saiba quais são suas expectativas:
- Conheça o mercado;
- Tenha autoconhecimento.
Dicas de Leitura:5 Dicas para lidar com frustração no trabalhoCHANLAT, Jean-François. Quais carreiras e para qual sociedade? (II). Rev. adm. empres., Mar 1996, vol.36, no.1, p.13-20
CARVALHO, Patrícia et al . Comprometimento afetivo, de continuação e entrincheiramento organizacional: estabelecendo limites conceituais e empíricos. Psicol. teor. prat.,  São Paulo ,  v. 13, n. 2, ago.  2011 
- SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: as conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999
- SIQUEIRA, M. M. M.; GOMIDE, S. Vínculos do indivíduo com o trabalho e a organização. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J.; BASTOS, A. V. B. (Org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 300-328.
 *Nome fictício.

Fonte: http://www.pucminas.br/iec/com_voce/com_voce_materia.php?codigo=720&&area=1&materia=13935

Comentários